A INFLUÊNCIA DA FISIOTERAPIA NO ÍNDICE DE FUNCIONALIDADE DOS PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON

Autores:
Elton Wallace Silva Cardoso1; Kemily Maíra Galvão Nascimento1; Marcelo Bentes Alves Junior1 Esp. Klenda Pereira de Oliveira 2

1 Discentes do Curso Superior de FISIOTERAPIA do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Especialista, Docente do Curso Superior de FISIOTERAPIA – UNINORTE.

Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.

Artigo Científico apresentado como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Fisioterapia pelo curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE / SER EDUCACIONAL, Orientadores: Esp. Klenda Pereira de Oliveira.


Resumo

Ao abordar sobre doenças como a Doença de Parkinson (DP), a atuação da fisioterapia é observada como um componente de suma importância no processo de tratamento, tanto no quadro de análise clínica contínua de tratamento, quanto na fase de recuperação continuada, com uma presença efetiva na recuperação física e mental do paciente. Objetivou-se com esse estudo realizar uma revisão sistêmica sobre a influência da fisioterapia nos índices de funcionalidades dos pacientes com Doença de Parkinson. Foi aplicado como método de pesquisa a revisão sistemática, cujo princípio de abordagem foi baseado na aplicação dos critérios de Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses (Prisma). As tipologias das publicações coletadas foram: Estudo clínico (09); Revisão integrativa (01) e Revisão sistemática (03). Os estudos foram elencados a partir da metaanálise com os critérios de elegibilidade da pesquisa, de modo que estão especificados com base nas suas propostas de pesquisa sobre a influência da fisioterapia nos índices de funcionalidade no tratamento da DP. É possível observar através dos estudos científicos recentes que a influência da fisioterapia no índice de funcionalidade dos pacientes com DP tem sido importante para o processo de recuperação neuromuscular, em todos os principais estágios da doença, sendo possível analisar os benefícios de processo de melhora na qualidade de vida e no bemestar desses pacientes.

Palavras-chave: Fisioterapia. Doença de Parkinson. Funcionalidade

Abstract

When addressing diseases such as Parkinson\’s disease (PD), the role of physical therapy is seen as a component of paramount importance in the treatment process, both in the framework of continuous clinical analysis of treatment, as in the phase of continued recovery, with an effective presence in the physical and mental recovery of the patient. The objective of this study was to perform a systemic review on the influence of physical therapy on the functionality indices of patients with Parkinson\’s disease. The systematic review was applied as the research method, whose approach principle was based on the application of the criteria of the Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses (Prisma). The types of publications collected were: clinical trial (09); integrative review (01) and systematic review (03). The studies were listed from the meta-analysis with the eligibility criteria of the research, so that they are specified based on their research proposals on the influence of physical therapy on the indices of functionality in the treatment of PD. It is possible to observe through recent scientific studies that the influence of physical therapy on the functionality index of patients with PD has been important for the neuromuscular recovery process, in all the main stages of the disease, being possible to analyze the benefits of the process of improvement in the quality of life and well-being of these patients.

Key-words: Physiotherapy. Parkinson’s disease. Functionality.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Santos, Andrade e Bueno (2009) o processo de envelhecimento faz parte de um processo cíclico natural de ações que envolvem as alterações neurobiológicas – biológicas, químicas e estruturais. Esse processo age diretamente na mudança da funcionalidade do corpo humano em todos os seus aspectos, incidindo de maneira gradual algumas alterações que são refletidas no estilo de vida e na vida cotidiana de um ser humano – o que pode ser retardado ou agravado a partir de fatores sociais e físicos: exercício físico, sedentarismo, dieta, dentre outros (SANTOS; ANDRADE; BUENO, 2009). Segundo observam Silva e Carvalho (2019) o processo de envelhecimento, seja natural ou agravado por doenças neurodegenerativas, pode ser acompanhado por meio de profissionais e protocolos clínicos que auxiliam nesse processo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que os países desenvolvidos, principalmente na Europa, terão um aumento de até 14,5% da sua população idosa nos próximos 50 anos – essa prospecção reflete um cenário de envelhecimento populacional bastante considerável (SILVA; CARVALHO, 2019).

No que se refere ao processo de envelhecimento com Doença de Parkinson (DP), é importante analisar que o mesmo é caracterizado por diferentes processos que envolvem a degeneração neural a partir das síndromes de risco proporcional ao agravamento da doença, e também age diretamente na instabilidade postural e agravamento dos distúrbios motores e não motores, o que além de retardar o processo natural de mobilidade, pode causar alterações na transmissão de cálcio e no pleno funcionamento da cartilagem (SILVA; CARVALHO, 2019). Por ser uma doença neurodegenerativa, a DP age sobre o processo de desgaste dos neurônios dopaminérgicos na substancia Negra (SN), o que influencia diretamente nos sintomas físicos de desequilíbrio, observado principalmente pelos tremores de repouso, rigidez e até bradicinesia (MARTINS; CAON; MORAES, 2020).

A fisiopatologia da DP está presente na alfa-sinucleína, que é uma proteína celular neuronal, cujo efeito característico patológico é a formação dos corpos de Lewy no sistema nigroestriatal. Esse acúmulo da alfa-sinucleína pode estar concentrado em outras partes do sistema nervoso, afetando o núcleo motor dorsal do nervo vago, hipotálamo, bulbo olfatório, neocórtex e os plexos mioentéricos do trato gastrointestinal (BRANDÃO; ARAÚJO; COIMBRA, 2015). A DP possui as seguintes características fisiopatológicas: aspecto anatômico, aspectos bioquímicos e moleculares. Os aspectos anatômicos são as estruturas que atuam no sistema motor e afetam diretamente os movimentos involuntários, incluindo os núcleos ventrais anterior, lateral e a substância negra; os aspectos bioquímicos e moleculares estão presentes na estrutura que envolve os erros no envelopamento proteico (Mistofilding), que diz respeito a uma falha na cadeia de conversão da cadeia linear de aminoácidos que afeta a síntese proteica (BRANDÃO; ARAÚJO; COIMBRA, 2015).

Os sintomas da DP surgem inicialmente de forma insidiosa e, a depender do grau de degeneração, evoluem a partir do tremor em repouso – observado como o primeiro sintoma – cuja caracterização se dá por movimentos lentos e grossos, aumento do tremor por tensão emocional ou fadiga, envolvimento do polegar e de toda a mão (principalmente o dedo indicador) apresentando dificuldades de segurar objetos (MANUAL SMD, 2019).

Alguns aspectos refletem o processo de evolução e agravamento da DP: a diminuição da capacidade de executar movimentos básicos, como ficar ereto e executar ações básicas do cotidiano; as alterações no equilíbrio corporal; o comprometimento da função normal de alguns órgãos; as alterações nos reflexos posturais, os distúrbios de desequilíbrio na marcha, impotência sexual, disfagia, sialorreia, hipotensão pós-prandial, constipação intestinal, dentre outros sintomas que se agravam com o tempo (BARBOSA; SALLEM, 2005).

O diagnóstico da DP parte da identificação de síndromes parkinsonianas manifestadas em um quadro clínico, geralmente acompanhadas de um processo inicialmente leve no surgimento de sintomas, que pode ser fragmentária e dividida em dois tipos: a forma rígido acinética (presença da rigidez inicial) e a forma hipercinética (manifestação dos tremores) (BARBOSA; SALLEM, 2005, BRANDÃO; ARAÚJO; COIMBRA, 2015).

A funcionalidade da DP afeta a Qualidade de Vida (QV) ao longo do tempo, a depender do seu grau de evolução e a progressão dos sintomas parkinsonianos; diante disso, o desenvolvimento da DP pode ser acompanhado por instrumentos de avaliação e identificação de capacidades, aliados a protocolos clínicos de redução das limitações e busca da melhora progressiva no quadro clínico – um desses importantes instrumentos é a fisioterapia (QUINTELLA et al, 2013). Os estudos de Andrade et al (2012) apresentam uma abordagem sobre a funcionalidade e os fatores determinantes para a DP por meio da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF é uma ferramenta utilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde o ano de 2001 para apresentar orientações sobre a saúde funcional e a reabilitação para o processo de tratamento dos indivíduos por meio de dois componentes: funções e estruturas do corpo e atividades; e os fatores ambientais e pessoas individualizados (ANDRADE et, 2012).

Ao abordar sobre doenças como a Doença de Parkinson (DP), a atuação da fisioterapia é observada como um componente de suma importância no processo de tratamento, tanto no quadro de análise clínica contínua de tratamento, quanto na fase de recuperação continuada, com uma presença efetiva na recuperação física e mental do paciente (CAMILO; MEJIA, 2012). Para Bittencourt (2003) a intervenção da fisioterapia no tratamento da DP está atrelada a três estágios: estágio inicial, estágio intermediário e no estágio avançado – dessa forma, cabe então observar um aspecto clínico crucial para analisar essa intervenção: os índices de funcionalidade do paciente.

A relevância dessa tipologia de pesquisa é fundamental para apresentar e discutir a influência da fisioterapia na melhoria da QV e dos índices de funcionalidade do paciente com DP. O desempenho do papel da fisioterapia é crucial para a redução do grau de limitação física e motora do paciente, além de induzir diretamente na promoção da saúde e na reabilitação das funcionalidades neuromotoras. A proposta da pesquisa foi de investigar os principais índices de funcionalidade dos pacientes sob a perspectiva do tratamento fisioterapêutico, observando os aspectos de melhoria clínica no âmbito neurofuncional a partir dos protocolos clínicos.

Sendo assim, objetivou-se com esse estudo realizar uma revisão sistêmica sobre a influência da fisioterapia nos índices de funcionalidades dos pacientes com Doença de Parkinson. Foram abordados os estudos mais recentes sobre os benefícios da fisioterapia para os pacientes com DP, dentro do campo de análise dos principais estágios da doença, sendo fundamental – principalmente – na prevenção, reabilitação e no tratamento dos distúrbios relacionados ao movimento.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi aplicado como método de pesquisa a revisão sistemática, cujo princípio de abordagem foi baseado na aplicação dos critérios de Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses (Prisma). Para melhorar o detalhamento do objeto de pesquisa foram indicados critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão são: estudo original, revisão integrativa e ensaios clínicos randomizados. Os critérios de exclusão são: pesquisas em andamento, capítulos de livros, teses, dissertações, revisão de literatura, artigos de opinião e pesquisas fora do critério de temporalidade (2013-2021). A seleção dos idiomas para os estudos: português, inglês e espanhol.

As palavras-chaves escolhidas para a realização da busca no estudo foram elencadas a partir do vocabulário controlado da base de dados MEDLINE (MeSH). São eles: “Fisioterapia – atuação”; “Doença de Parkinson”; “Fisioterapia – Indicadores de funcionalidades” e “Pacientes – Doença de Parkinson” A tipologia de busca utilizada no estudo foi a pesquisa booleana (pesquisa avançada) a partir dos operadores booleanas “OR”, “NOT” e “AND” combinados entre os termos.

A característica das bases de dados escolhidas para o estudo é do tipo bases de dados bibliográficas e bases de dados de texto completo: PubMED, Scielo, PEDro, LILACS e MEDLINE. A fim de conseguir um acesso simultâneo e integrado, a coleta foi realizada através da Biblioteca do Conhecimento Online (b-on) – ferramenta integrada de pesquisa que agrega as principais bases de dados por assunto no rol das grandes áreas, principalmente na área da saúde pública e saúde coletiva.

O quantitativo total de estudos coletados no levantamento da pesquisa sobre o tema foi de 17 artigos, dentre eles, foram selecionados 13 estudos a partir da aplicação do método de análise. A Figura 1 apresenta o método de elegibilidade do estudo com base no método Prisma:

Figura 1 – Fluxograma de elegibilidade da pesquisa

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de coleta de dados foi realizado a partir da aplicação das seguintes palavraschaves nas bases de dados: “Fisioterapia – atuação” AND “Doença de Parkinson”; “Fisioterapia – Indicadores de funcionalidades” AND “Pacientes – Doença de Parkinson”; “Fisioterapia – atuação” OR “Pacientes – Doença de Parkinson” NOT “Fisioterapia – Indicadores de

funcionalidades”; “Fisioterapia – Indicadores de funcionalidades” OR “Doença de Parkinson” AND “Fisioterapia – atuação”. Além da busca avançada, a coleta também foi realizada por meio da busca simples e com uso alternada do idioma na realização da pesquisa em cada base de dados.

As tipologias das publicações coletadas foram: Estudo clínico (09); Revisão integrativa (01) e Revisão sistemática (03). Os artigos selecionados na coleta foram organizados e apresentados em um quadro para análise e discussão (Quadro 1). Eles foram organizados de acordo com: autoria de estudo, tipologia da pesquisa, tipologia da base de dados, tipologia método de análise e conclusão.

Quadro 1 – Levantamento das pesquisas coletadas

Autor(es)Tipologia da pesquisaBase de dadosMétodo de análise da pesquisaConclusões do estudo
Bertoldi, Silva e Faganello-Navega (2013)Estudo clínicoMEDLINEAvaliação de equilíbrio Escala de Equilíbrio de Berg (EEBFoi verificada melhora no equilíbrio (p=0,008) e na QV (p=0,013), e correlação negativa entre equilíbrio e QV (avaliação r=-0,65 e p=0,05; e na reavaliação r=-0,82 e p=0,005). O fortalecimento muscular foi eficaz na melhora no equilíbrio e na qualidade de vida de indivíduos com doença de Parkinson.
Bueno et al (2017)Estudo clínicoSciEloEscala de Hoehn & Yahr Modificada (HY), Escala Unificada de Avaliação da doença de Parkinson (UPDRS), Teste de impressão plantar (footprint), Análise de marcha por vídeo e Teste Timed Up and Go (TUG).As três intervenções foram efetivas para os desfechos estudados, porém o grupo que apresentou maior magnitude de mudança (tamanho do efeito) foi o SB, enquanto o RC apresentou maior porcentagem de melhora nas variáveis temporais da marcha (tempo e velocidade), bem como no TUG. A variabilidade nos índices teve influência dos protocolos clínicos fisioterapêuticos
Chen et al (2020)Revisão sistemáticaPEDroPreferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (PRISMA)Mais pesquisas são necessárias para investigar o impacto do exercício em diferentes domínios da QV, bem como o impacto de durações mais longas de intervenção. Observou-se que os protocolos de exercícios ajustaram os índices de funcionalidades dos pacientes, principalmente os fatores ambientais e comportamentais.
Filippin et al (2014)Estudo clínicoPubMEDOs instrumentos utilizados foram ficha de avaliação, Questionário PDQ39, Questionário SF-36, UPDRS e Escala de Hoehn e Yahr modificada.A percepção geral sobre a QV foi moderadamente boa tanto para os sujeitos com DP quanto para cuidadores. No entanto, aspectos motores e emocionais influenciam negativamente a QV dos sujeitos com DP. As características dos sujeitos com DP e aquelas relacionadas ao cuidado não apresentaram correlação significativa com a QV dos cuidadores.
Giardini et al (2018)Estudo clínicoSciEloTreino de equilíbrio (PD-E) ou plataforma móvel (PD-P. Sessões de mobilidadeUm tratamento de equilíbrio de quatro semanas, não contendo quaisquer exercícios de reabilitação da marcha, é suficiente para produzir uma melhora considerável na velocidade da marcha em pacientes afetados de leve a moderada com DP. Foi possível melhorar a mobilidade e os fatores ambientais de modo leve e moderado.
Gondim, Lins e Coriolano (2016)Revisão integrativaLILACSCritical Appraisal Skill Programme (CASP) adaptado e o Agency for Healthcare and Research and Quality (AHRQ).Os benefícios da cinesioterapia foram: estímulo ao autocuidado; ganho de força e amplitude de movimento; redução do número de queixas e do medo de cair; melhora de sintomas motores relacionados ao Parkinson e à qualidade de vida. Os índices de funcionalidade são alterados de modo leve e moderado a partir da aplicação de protocolos mais prolongados.
Lee, Lee e Song (2015)Estudo clínicoLILACSEscala de equilíbrio de Berg (BBS) e analise randomizada com escalas variáveis.O estado de transtorno depressivo de 20 pacientes com DP foi levemente melhorado com as atividades neuromusculares por meio das atividades. Mais pesquisas com uma coorte maior são necessárias. Outra limitação deste estudo é a falta de história específica sobre os tratamentos que os pacientes receberam antes de sua participação.
Silva et al (2013)Estudo clínicoMEDLINE PEDroQuestionário da doença de Parkinson 39 (PDQ-39) para avaliação da Qualidade de Vida (QV)
A QV foi mais afetada em maiores estágios da doença. antes da FA, a QV era pior no estágio mais avançado da doença, e apesar da melhora dos escores de QV depois da FA, o estágio mais avançado continuou apresentando pior percepção da QV. A FA proporcionou uma melhora na qualidade de vida dos pacientes com doença de Parkinson neste estudo.
Silva et al (2016)Revisão sistemáticaPubMEDPreferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (PRISMA)
Um programa de caminhada nórdica, realizado com intensidades moderada e alta, com mínimo de 12 sessões de 60 minutos em um período de 6 a 24 semanas promove efeitos positivos na gravidade da doença, marcha, equilíbrio, qualidade de vida, aptidão funcional e função motora em pacientes com doença de Parkinson.


Soares et al (2014)Estudo clínicoSsciElo MEDLINEProtocolo de VCI (agachamento, flexão plantar, contração isométrica de membros e equilíbrio unipodal)
Os exercícios de VCI na plataforma vibratória, segundo os parâmetros utilizados, apresentaram resultados promissores que incentivam o seu uso para melhorar as condições clínicas, referentes aos distúrbios da marcha, equilíbrio e QV em pacientes com DP. Percebeu-se uma melhora no quadro clinico dos fatores de reabilitação e saúde funcional dos pacientes.

Terra et al (2020)Estudo clínicoLILACSGrupos de Fisioterapia baseado em Treinamento Cognitivo (Estudo randomizado)
Não houve diferença entre os tratamentos propostos (PCG e PG). No entanto, ambas as intervenções beneficiaram o equilíbrio dos indivíduos e os sinais e sintomas da DP, quando considerado o efeito do tempo.
Pinheiro et al (2014)Estudo clínicoPEDro(Escala de Hoehn and Yahr – modificada), capacidade funcional (Índice de Barthel Modificado) e qualidade de vida (PDQ-39 – Parkinson ́s Disease Quality of Life Questionnaire).
A maioria dos idosos avaliados apresentou ligeira dependência funcional e pior percepção da QV nos três domínios citados. A descrição dessas condições clínicas, funcionais e sociais permitem melhor compreensão do caráter multidimensional da DP.

Conforme apresentado no Quadro 1, os estudos foram elencados a partir da metaanálise com os critérios de elegibilidade da pesquisa, de modo que estão especificados com base nas suas propostas de pesquisa sobre a influência da fisioterapia nos índices de funcionalidade no tratamento da DP, detalhados quanto a autoria de estudo, tipologia da pesquisa, tipologia da base de dados, tipologia método de análise e conclusão.

No estudo de Pinheiro et al (2014) foi realizado uma abordagem sobre a avaliação da dependência funcional dos idosos por meio do uso de protocolos específicos para melhorar a condição física e a Qualidade de Vida (QV), tendo então um resultado favorável na melhoria da dependência funcional. O estudo de Soares et al (2014) também se tratou de um estudo clínico sobre a melhoria dos fatores de reabilitação dos pacientes com DP a partir dos protocolos com exercícios baseados no método de Terapia de Vibração do Corpo Inteiro (VCI), que possibilitou uma melhora nas condições de reabilitação social e QV.

Quanto as melhorias nos índices de funcionalidade da estrutura do corpo e recuperação da mobilidade, o estudo de Silva et al (2016) apresentou um protocolo clínico com o uso de caminhada nórdica em etapas de 60 minutos, com níveis de variação de intensidade, de 6 a 24 semanas, para analisar a melhora no quadro clínico no equilíbrio, na função motora e na QV dos pacientes com DP. Observou-se que os pacientes apresentaram uma melhora gradual quanto a esses fatores, sendo possível perceber que os benefícios com os exercícios incidiram no aumento de frequência de mobilidade funcional e reduziu a dificuldade no equilíbrio, ocasionando uma gradual evolução dos índices de funcionalidade corporal dos pacientes. Na pesquisa de Gondim, Lins e Coriolano (2016) foram observados estudos sobre os benefícios da cinesioterapia para pacientes com DP, analisando as melhorias nos índices de mobilidade e os fatores de comportamento social e de melhoria nos fatores de QV. Os estudos coletados demonstraram que os índices de funcionalidade nos pacientes são alterados de modo leve e moderado à medida que os protocolos incidem na diminuição das limitações motoras e melhoria da amplitude motora dos pacientes – essa confiança, consequentemente, melhora os fatores sociais na QV.

De acordo com os estudos de Terra el tal (2020), por meio de um estudo clínico, observaram que os sintomas de DP foram amenizados a partir das intervenções dos tratamentos de PCG e PG, tendo sido identificado uma melhoria na condição clínica dos pacientes quanto aos aspectos físicos e cognitivos. Esse processo de análise observando a intervenção clínica demonstra a eficácia do protocolo de tratamento baseado nos métodos de melhoria na estabilidade física e na resposta das atividades neuromusculares dos pacientes, principalmente os pacientes idosos. O estudo apresentado por King et al (2013) observou, por meio de uma revisão sistemática, um estudo randomizado baseado na análise das melhorias clínicas das intervenções com protocolos de exercícios aplicados aos pacientes com DP em estágio moderado e avançado da doença. Observou-se dentre os estudos coletados a melhoria na função corporal de acordo com os indicadores da CIP, no qual apresentou que a eficácia dos protocolos observados no estudo foi responsiva, principalmente para os indicadores de melhoria na saúde funcional, neuromuscular e, consequentemente, na QV.

A pesquisa de Silva et al (2013) demonstrou como os fatores de QV são afetados pela Fisioterapia Aquática (FA) durante o tratamento com pacientes com DP. Observou-se que o FA, como recurso terapêutico, propiciou uma melhora na QV associado a melhoria dos escores de avaliação apontados pelo Questionário da doença de Parkinson (PDQ-39). Esse tipo de protocolo está diretamente interligado com a melhoria do processo responsivo das condições clínica neuromusculares e cinesioterapêuticas, observando que a taxa de avaliação na PDQ-39 após a aplicação do protocolo clinico em p<0,0001 o que denota uma melhoria considerável na QV dos pacientes. Outrossim, o estudo de Bueno et al (2013) observou a melhoria nas condições de equilíbrio de pacientes com DP sob as condições de fortalecimento muscular e eficácia quanto a melhoria na QV. Observou-se que, com base PDQ-39 e a partir da avaliação de Escala de Equilíbrio de Berg (EBB), que os indivíduos avaliados melhoraram as suas condições de equilíbrio, identificado a partir do teste de correlação de Spearman, onde foi diagnosticado uma gradativa melhoria na recuperação muscular e do equilíbrio na reavaliação da QV.

De acordo com Chen et al (2020), em um estudo recente os protocolos de exercícios e a melhoria das condições ambientais e comportamentais de pacientes com DP, observou-se que a duração dos protocolos clínicos no tratamento de pacientes em estágio avançado da doença podem diminuir os riscos de agravamento e perda total da capacidade cognitiva e neuromuscular, ocasionando um expressivo aumento da sua taxa de QV. Tratando-se de uma pesquisa que avalia as melhorias nas condições clínicas e na identificação dos índices de funcionalidade, Giardini et al (2018) observaram como um processo de tratamento de equilíbrio em pacientes com DP poderia melhorar de maneira responsiva a velocidade da marcha para indivíduos que apresentavam um fator de agravamento alto e moderado. Observou-se nessa pesquisa que a reabilitação da marcha por meio de um protocolo programado, além de melhorar a capacidade do equilíbrio e das condições de resistência muscular, influenciava na melhoria dos fatores ambientais e comportamentais dos pacientes, conforme a CIF.

A influência do tratamento fisioterapêutico também pode ser observado nos estudos que analisam o grau de responsividade dos protocolos clínicos para o tratamento de aspectos que envolvem as atividades neuromusculares com outras doenças, tais como a depressão e a ansiedade. No estudo de Lee, Lee e Song (2015) observa-se que, por meio da realização de um protocolo para estímulo e melhoria nas atividades neuromusculares de pacientes com DP, houve uma influência considerável para a recuperação dos estágios de depressão desses pacientes, observando a melhoria na QV e no bem-estar. O transtorno depressivo observado nos pacientes com DP, diante das condições clínicas de agravamento da doença, dificultou a inserção do tratamento para a melhoria dos aspectos do tratamento da depressão, observado pelos pesquisadores como um aspecto de dificuldade no andamento do estudo. No estudo de Bueno et al (2017) foi observado como o uso de três intervenções – Pistas Rítmicas (RC), Bola Suíça (SB) e Dupla Tarefa (DT) – podem melhorar os aspectos de tratamento da marcha, da passada e da velocidade de indivíduos com DP. O estudo mostrou que as intervenções fisioterapêuticas influenciaram na melhoria de cada aspecto observado, sendo possível identificar o aumento da porcentagem das taxas de repostas do tratamento por meio das escalas de Hoehn & Yahr Modificada (HY), Escala Unificada de Avaliação da doença de Parkinson (UPDRS), Teste de impressão plantar (footprint), Análise de marcha por vídeo e Teste Timed Up and Go (TUG).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos resultados do estudo, observou-se que a influência da fisioterapia nos índices de funcionalidade de pacientes com DP tanto em estágio leve, moderado ou avançado, tem sido importante para o processo de recuperação funcional e neuromuscular, assim, trazendo benefícios de médio a longo prazo. Nesse viés, os protocolos de tratamentos fisioterapêuticos destacados nesse presente estudo, influenciam de forma positiva para a ascensão da capacidade física do paciente, como, ganho de amplitude de movimento, força muscular e postura. Houve destaque para a melhora do equilíbrio e marcha, sendo fatores determinantes para reestabelecimento das funcionalidades dos pacientes, influenciando diretamente na independência para realização das atividades de vida diária, bem-estar e qualidade de vida.

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